quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Crítica: Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro

Missão dada, parceiro, é missão cumprida

Em 2007 chegou aos cinemas o filme “Tropa de Elite”, dirigido por José Padilha. Antes mesmo da estréia o filme já causou polêmica, devido ao absurdo número de cópias piratas. Acredita-se que mais de 15 milhões de pessoas assistiram ao filme antes de ele chegar aos cinemas. Ainda assim o filme foi sucesso nos cinemas brasileiros e depois nos festivais internacionais, vencendo inclusive o Urso de Ouro no festival de Berlin. Após tanto sucesso, seria inevitável uma continuação. E foi o que aconteceu em 2010.

No mês de outubro chegou aos cinemas “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro”, e dessa vez a pirataria não teve chances. Todos os cuidados foram tomados, e o filme não vazou. E como era esperado, a estréia foi um sucesso. Tropa de Elite 2 vem quebrando recordes de bilheteria no Brasil, e lotando todas as salas em que é exibido.

Vamos ao filme. Seqüências costumam serem inferiores ao original, tendo como objetivo basicamente arrecadar dinheiro com a fama do filme anterior. Definitivamente isso não aconteceu. A segunda parte de Tropa de Elite consegue ser muito superior a primeira (sendo que o primeiro já era um ótimo filme).

O ex-capitão e agora coronel nascimento (Wagner Moura), agora com 40 anos e alguns cabelos brancos continua dedicando sua vida ao BOPE. O Filme já começa a todo vapor, com uma cena que depois percebemos ser o final do filme (cena está que está no trailer). Nascimento sai de um hospital no seu carro, e logo em seguida é recebido com tiros dos seus inimigos. E quem são estes inimigos? Essa é a grande questão do filme.

Após essa cena que fica sem final vêm os créditos iniciais, e depois vem realmente o começo do filme. Uma aula de história mostrando dados sobre os presídios brasileiros, e ao mesmo tempo uma rebelião acontecendo no presídio Bangu I, onde ficam os principais traficantes do Rio de Janeiro. Em determinado momento Nascimento diz que alguns consideram seus métodos fascistas, curiosamente o primeiro filme foi acusado de fascismo por alguns.

Após muitos presos mortos, Nascimento é considerado herói pela população (como o próprio filme diz, para a maioria das pessoas, bandido bom é bandido morto), e como o governo não vai contra o seu eleitorado, Nascimento foi promovido e chegou à secretaria de segurança pública. Como a pressão feita pelos defensores dos direitos humanos, a operação precisava de um culpado, e o escolhido foi o Capitão Mathias (André Ramiro), que foi expulso do BOPE. O grande crítico da operação foi justamente o marido da ex-mulher de Nascimento, o ativista político Fraga (Irandhir Santos).

Em sua nova função Nascimento tem mais condições de tentar combater o tráfico. Ao mesmo tempo, sua vida pessoal é solitária, tem uma relação difícil com seu filho que o considera um assassino. O plano que Nascimento fez para acabar com o tráfico na teoria tinha tudo para dar certo, mas não aconteceu na prática, pois a corrupção era maior do que ele imaginava. Não eram apenas alguns policiais corruptos que dificultavam sua operação, mas também toda a política do estado. É ai que percebemos quem é o vilão da história: O Sistema.

E o que Nascimento fez foi declarar guerra ao sistema, e essa é a guerra mais difícil, ainda mais quando todos a sua volta parecem estar envolvidos. O filme mostra a corrupção política brasileira como jamais qualquer outro filme fez. Não é apenas entretenimento, e sim para você que assiste pensar em como é o país em que vivemos. E somos todos parte disso, já que os governantes são eleitos por nós.

José Padilha deu um show na direção. Muito mais profundo e mais bem produzido que o primeiro. A parte técnica é perfeita. Cenas realistas, uma montagem que não deixa o espectador desgrudar os olhos da tela um segundo sequer, com um ritmo super dinâmico. Além disso, o elenco merece nota 10. Wagner Moura esteve ainda mais brilhante interpretando Nascimento. Irandhir Santos que apareceu nesse segundo filme surpreende com sua boa atuação. Apesar de aparecer pouco, Andre Ramiro também se destaca. Destaque ainda para Milhem Cortaz como o corrupto e covarde coronel Fábio (Também remanescente do primeiro filme), e André Mattos como um apresentador de TV sensacionalista.

O primeiro “Tropa de Elite” já foi bom, e esse segundo filme conseguiu ser ainda melhor. Saíram as frases para cair na boca do povo e o grande número de cenas de violência e entrou uma discussão profunda sobre a segurança no Brasil. Apesar de ser considerado ficção, sabemos que de fato o que é mostrado no filme acontece. Nascimento declarou guerra ao sistema, e você, vai fazer alguma coisa para combater o sistema? Tropa de Elite 2 é um dos melhores filmes que o Brasil já produziu. Certamente vai receber vários (merecidos) prêmios. Não deixe de assistir.



2 comentários:

  1. Eu particularmente odiei o primeiro filme que veio recheado de palavrões de todos os tipos e para todos os lados! Já o segundo tenho que adimitir é maravilhoso, muito bem feito mesmo!

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  2. Confesso não ser meu tipo favorito de filme, mas devo admitir que tem qualidade mesmo.

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